quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ouro de Tolo



Quando tinha uns seis, sete anos, ficava irritadíssima se não me deixavam sair sozinha para uma volta no final da tarde -ou se via as pessoas usando metáforas,  subterfúgios para evitar que eu tomasse conhecimento sobre o que - e de quem - estavam falando. "Criança não percebe essas coisas não" "criança não tem maldade." Rá. Mesmo os educados nas melhores regras do Marquês de Queensberry são desleais, fazem terror psicológico, excluem... pequenos demônios, isso sim. Mas o que eu pensava é como seria bom ir a qualquer lugar, sair à noite, mandar os outros calarem a boca, não explicar nada...coisas que eu não me privo de fazer, mas que não têm um desfecho tão satisfatório  como eu imaginava. Não pensei no trabalho, por exemplo: Tá, sem trabalho a gente não é digno, etc. Tem os horários, tem a profissão, tem o que paga mais, porque fazer o que gosta, sem se  estressar, nem preocupações financeiras fica para os aristocratas - porção não representativa. Ah, tem  os colegas do trabalho!!!! Tem os impostos, tem os documentos, tem o regime, tem depilação, tem anos sem férias, tem a socialização obrigatória, enfim, as brincadeiras mudam, são até melhores, posso dizer, mas tenho pensado que crescer é trocar seis por meia dúzia, afinal, existe sempre alguém  que continua nos tratando como criança.



Um comentário:

  1. mas tem gente que é criança pra sempre ;)

    [ Cuidado com os colegas de trabalho ]

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